24 de out. de 2009

O COPO DE PITÁGORAS....


Diz-se, com frequência, que vivemos numa sociedade regida pela ambição desmedida, que se reveste das mais diferentes formas, nos mais diversos quadrantes da vida. A ambição parece edificar-nos, moldar-nos, não como sonhos construtivos que fazem avançar o Homem, mas como querenças frágeis, falhas da razão, do bom senso e, quase diria, do bom gosto! A televisão parece dar amplo espaço a esta ideia, pois insiste, ano após ano, nesta corrida inesgotável da fama e da riqueza, um devaneio de sermos todos ídolos, estrelas.

Voltemos uns séculos atrás: à civilização grega que se edificou numa máxima de moderação. É isso que a inscrição défica meden agan propõe: que não se faça nada em excesso. E os mortais que se atrevem a desafiar os deuses têm por certeza a ruína. Este é o pecado de Hybris, um dos elementos da tragédia clássica que se poderá traduzir por «desafio».

Esta máxima está presente nas manifestações artísticas – escultura, arte, tragédia… - e é de uma delas que encanta pela beleza e simplicidade que falamos neste texto.

É atribuída a Pitágoras (na imagem), o famoso Matemático de Samos, a invenção de um curioso objecto que parece reunir, harmoniosamente, princípios da Física e da Filosofia. Trata-se de um copo que estabelece no seu interior o limite da bebida que se deve beber. Caso esse limite seja ultrapassado numa única gota, o copo vazará de imediato tudo o que contém.

A explicação física de Pascal dos vasos comunicantes, segundo leis de hidrostática, é completada aqui, pelo ensinamento filosófico – o Homem deve ser capaz de admitir que há limites: deve querer sempre mais, mas não demais, ou a vida encarregar-se-á de repor a normalidade do seu curso.

O copo, de há mais de 26 séculos , que nos lembra em pleno século XXI o equilíbrio e a harmonia desejável a toda a acção humana pode ver-se aqui.
Lentiada do Rerum Natura...

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