A Terra é um gigantesco computador orgânico encomendado por ratos para descobrir a pergunta fundamental da vida, do universo e de tudo mais (cuja resposta, todos sabem, é 42). Essa é a nossa teoria preferida, mas é bom lembrar que ideias bizarras sobre o universo não estão restritas à ficção científica. “Quando a Teoria da Relatividade apareceu, todos acharam que era loucura. Mas, como ela resultou estar certa em muitos aspectos, a comunidade científica começou a tomar mais cuidado antes de rejeitar as novas ideias que aparecem”, explica o físico Pier Luigi Piaczi. Listamos 6 dessas teorias. Não são necessariamente as mais estranhas, mas impressionam – e podem fazer você pirar se resolver levá-las muito a sério.
1- A teoria que oferece condições ao teletransporte
Essa teoria não é das mais fáceis, mas é testada e comprovada em laboratório. Então vamos lá. Os cientistas descobriram que, toda vez que você forma um par de partículas subatômicas, como um elétron e um anti-elétron, ou dois fótons (partículas de luz), elas agem como se estivessem entrelaçadas telepaticamente. Ou seja: se uma partícula gira para um lado, a sua gêmea vai girar para o outro lado, como se estivessem em comunicação uma com a outra, independente da distância que as separa. É graças a essa propriedade que funcionam os computadores quânticos ou óculos 3D. Por que isso acontece? Ninguém sabe ao certo. Mas essa propriedade permitiria o teletransporte. Somos todos feitos de átomos, isso você sabe. Então, se cada átomo do seu corpo for entrelaçado a um átomo livre, passará a existir um outro você. Bastaria escanear alguém e criar um clone físico, assim como fazem com essas partículas minúsculas, em outro lugar. Único problema é que seria preciso um computador maior que o universo para permitir isso.
2- O universo estaria em expansão graças aos “buracos brancos”
Alguns físicos acham que o universo está em expansão à custa de uma formação constante de matéria, que estaria sendo criada do nada e espalhada por aí. Mas pode isso, Arnaldo? Até pode, se acreditarmos na existência de buracos brancos – que seriam o outro lado de buracos negros. “Assim, quando uma estrela entra em colapso e forma um buraco negro, condensando tudo num volume pequeno, essa matéria apareceria em outro ponto, do outro lado desse buraco negro”, completa o físico Piaczi. Mas, na prática, não existe nenhuma comprovação da existência de buracos brancos. A ideia surgiu inicialmente como parte do chamado buraco de minhoca do astrônomo e físico alemão Karl Schwarzschild. A ficção científica também explora o buraco de minhoca como uma possibilidade de viajar por distâncias imensas do universo. Seria um “atalho” através do espaço e do tempo.
3- O universo é o buraco negro de outro universo
Essa história de que pode haver um “outro lado” do buraco negro deu origem a outra teoria: podemos estar no buraco negro de outro universo. O físico Lee Smolin, do Perimeter Institute, no Canadá, foi quem propôs formalmente essa ideia no final dos anos 90. Tem lógica se considerarmos que o Big Bang foi o começo do tempo e do espaço, enquanto no interior de um buraco negro o tempo e o espaço acabam. Isso significa que nosso universo tem um pai, um avô e toda uma genealogia por aí. Teria filhos também, que herdariam as características cosmológicas do universo-pai, com pequenas variações. Isso está relacionado à Teoria da Evolução, de Darwin, e os Universos mais aptos – ou seja, os que criam mais buracos negros – se reproduzem mais. E compõem a maior parte da população de Universos.
4. Existem múltiplos universos – e neles existem pessoas idênticas a você
Para entender a existência de universos múltiplos, vamos pegar uma experiência imaginária (e bizarra) chamada de Gato de Schrödinger, na qual um gato está vivo e morto ao mesmo tempo. A hipótese foi concebida pelo físico austríaco Erwin Schrödinger. Funciona assim: imagine um gato preso numa caixa fechada, ameaçado por partículas radioativas que poderiam ser liberadas dentro dela. Se isso acontecesse, o gato morreria; caso contrário, ele permaneceria vivo. Haveria então 50% de chances de o gato estar vivo e 50% de estar morto. Seguindo o raciocínio de Schrödinger, isso significa que as duas realidades aconteceriam simultaneamente e o gato estaria vivo E morto até que a caixa fosse aberta. A presença de um observador acabaria com dualidade porque, se houvesse o mínimo de interferência, as realidades paralelas do mundo subatômico entrariam em colapso e só veríamos uma delas. Mas, segundo algumas teorias de universos múltiplos, a coisa não acabaria por aí. Ao abrir a caixa, você produziria um universo paralelo em que uma pessoa idêntica a você abre a caixa e encontra o gato no estado oposto. Outras situações semelhantes produziriam novos universos paralelos, numa coisa sem fim. Se você quiser continuar essa viagem, vale assistir à série Fringe.
5- Uma alternativa ao Big Bang
Em 2001, cientistas propuseram uma teoria alternativa (embora não completamente oposta) ao Big Bang, chamada de modelo ecpirótico (da palavra grega “ekpyrosis”, que significa “destruição ou conflito pelo fogo”). Enquanto o Big Bang sugere que o universo tenha começado de um ponto singular, o modelo ecpirótico diz que o nosso veio da colisão de outros dois universos tridimensionais em uma quarta dimensão. A partir dessa enorme colisão, o nosso universo nasceu e foi se expandindo – e aí o processo é semelhante ao do Big Bang. O problema é que a origem dos outros universos permanece um mistério.
6- Viagem no tempo
Algumas teorias dizem ser possível viajar no tempo e isso poderia ser feito, pelo menos, de duas formas. A mais “simples” seria congelando o seu corpo para só ser descongelado no futuro, ao estilo Marty McFly, do Futurama. A segunda seria pegando uma carona na Teoria da Relatividade de Einstein. Segundo essa teoria, seria possível fazer viagens para o futuro com a dilatação do tempo obtida viajando a velocidades próximas à da luz. E tem gente realmente acreditando que isso será possível em breve. O professor da Universidade de Connecticut (EUA) Ronald L. Mallett ficou famoso em 2006 por seu projeto baseado em um conjunto de raios lasers em forma de espiral que teriam potência suficiente para deformar o espaço-tempo, permitindo a viagem para o passado e para o futuro.
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