5 de jun. de 2009

O voyeurismo de Deus..

Deus estava só, era senhor dele mesmo. Estava com ele todo o poder e a potência do visível e invisível e de tudo, sem ter mais nada, nem universo, nem verso ou reverso, nem positivo e negativo, nem dentro e fora, nem cima e baixo, nem bom e mau, nem feio ou bonito, nem luz nem trevas, nem leis, nem adoradores e seres que pudessem temê-lo. Só ele, consigo mesmo e mais nada.

Deus resolveu não ficar só, resolveu criar um universo para ter o que dominar. Para ter o que observar, para ter o que esperar de resultado de sua criação, para os que ali viessem a habitar - seres criados por ele -, lhe dedicassem adoração, veneração. Que dele tivessem temor, porque se não cumprissem suas leis, penalidades seriam impostas, e ao inferno - por ele mesmo criado -, seriam mandados para eternamente queimar.

Deus decidiu, criando o homem, que necessitava ter o bom e o mau. Criou o Diabo para orientar o mau. Para ser o líder mais honesto nos seus propósitos da maldade. Para que dele não se tivessem dúvidas que faria o mau, porque tendo dado o livre arbítrio ao homem teria ele, o criador, o prazer de ficar como voyeur, observando a que aventuras os homens com surpresa da escolha do que ser e fazer lhe proporcionariam para ver.

Deus, não tendo agora que ficar só, pode - de onde está -, observar o bom e o mau por ele inventado. Ver o belo por ele criado e o feio também. A justiça e injustiça também de sua criação. O que manda e o que só obedece. Aquele que ele criou que tem tudo e o que não tem nada. Aquele que da sua criação veio com saúde e o doente, o perfeito criado por ele e o imperfeito, o que deve ser justo e o injusto.

Deus então permitiu que os homens por ele criados tivessem o poder de criar doutrinas opostas por pura vaidade. Permitiu então que os eminentes avatares, levassem e divulgassem a sua palavra de religiões opostas. Se odiando entre elas, cada qual reclamando para si a raiz da verdade divina, anunciando que é seu filho ou procurador ou iluminado ouvinte, que teve sem explicar porque o privilégio de eleito por ele pronunciar a sua palavra e divulgá-la.

Deus, porque te temer, porque te adorar, porque esperar um milagre de uma graça se tanta coisa sem graça, triste e com desgraça sua criação permitiu, porque esperar recompensa, de quem criou a doença, e permitiu desavenças. De quem permitiu que para, um ser viver, tem que destruir outro - seja mineral, vegetal ou animal - para que se eternize sua contemplação de olhar e dar uma gargalhada inextinguível.

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