30 de mar. de 2011

A conspiração contra os heterossexuais....

Por Henry Makow Ph.D.

February 24, 2003

Ativistas gays e lésbicas recentemente organizaram uma semana de "Questão de Gênero" em uma universidade local.

Eles colocam pôsteres promovendo a noção que masculinidade e feminilidade são meramente convenções sociais e não têm qualquer base na biologia. "Você nasce nu e o resto é Drag," disse alguém, citando o drag queen RuPaul.

Eles querem nos fazer crer que não há diferença entre macho e fêmea, ignorando que os machos têm 10 vezes mais testosterona que as fêmeas.

Imagine a gritaria se heterossexuais desafiassem os homossexuais de um modo similar? O que seria se lêssemos nos pôsteres, "A Homossexualidade é uma Desordem Desenvolvida"? Os eventos gays atrairam poucos estudantes, mas sua campanha ilustrava dois importantes pontos.

Ativistas gays e lésbicas tencionam que somente querem tolerância quando na realidade querem seduzir "heteros" e mudar o caráter da sociedade em geral. A demanda para casamento gay deveria ser vista nesse contexto.

O fato deles poderem insultar a maioria do corpo estudantil com impunidade ilustra como o poder nas universidades e no governo promovem a homossexualidade. Por quê?

Os cinco por cento da população mundial que controlam 95% das riquezas mundiais têm uma solução para a desigualdade. Aumentar a riqueza? Não. Em vez disso, reduzir o número dos que não têm. Erradicar a pobreza erradicando o pobre. Nessa perspectiva, é você e eu.

O objetivo é fazer a mulher parar de ter filhos. Um método é promover a homossexualidade, ou o feminismo, que é lesbianismo como se tem trabalhado. De acordo com o expert em população, Ben Wattenberg, "nunca em algum tempo tivemos quedas de taxas de natalidade considerando distância, rapidez e custo, assim por todo o mundo".

A humanidade é uma espécie de aliança entre casais. Nós encontramos significado e satisfação através de nossos papéis heterossexuais: marido, mulher, pai e mãe. Esses são essenciais para nosso desenvolvimento pessoal e realização. Ainda que as mídias de massa constantemente nos digam que os homens sejam violentos predadores, que os casamentos sejam opressivos e as crianças um fardo.

Por exemplo, veja o trailer do filme indicado para o Oscar "The Hours". Esse filme é a respeito de três mulheres diferentes cada qual vivendo "uma mentira" porque elas "põe a vida de alguém a mais em primeiro lugar". Você já viu um filme a respeito de um casamento bem sucedido? Ou alguém que celebrou paternidade pela incrível realização que isso representa?

Aqueles que residem em países comunistas estão acostumados a obter mensagens falsas do governo e da mídia. Nós temos nos acostumado melhor com isso também. Se você reparar, nossa liderança (governo, mídia, educação, e negócios) está repleta de corrupção e tendência comunista (substituição do particular pelo monopólio público, sustentado por poder governamental, e você obterá o retrato).

Com o encorajamento do governo, as feministas promovem um terror lésbico e a suspeita dos homens. Eu assisti uma apresentação a respeito das "mulheres consoladas" coreanas durante a Segunda Guerra Mundial. Os slides eram projetados na efígie de uma mulher coreana vestindo um kimono. Conforme ela explicava as indignidades que sofreu dos soldados japoneses, eu podia sentir que as 25 jovens mulheres na audiência fechavam seus corações a todos os homens. Não havia qualquer menção de que os soldados americanos que libertaram essas mulheres também fossem homens.

O feminismo tem imbuído muitas mulheres de um senso exagerado de importância, de direito e sofrimento que tornam-nas inacessíveis. Sexualmente, elas têm ido à briga, "com suas pernas cruzadas", induzindo seus encantos pairarem em valor a níveis quase místicos. Eu vi uma exibição de arte onde uma estudante realmente fotografou a abertura de sua vagina e emoldurou-a.

Nós estamos treinados a escutar a mensagens em lugar de nossos instintos. Essa dissonância psicológica cria uma psicose de massa. Se você não notou, a sociedade tem uma obsessão descomedida por sexo.

COMO HOMENS E MULHERES SE LIGAM

Em seu coração, o sexo é realmente uma paixão para a união espiritual com um membro do sexo oposto. Essa união ou "casamento" fornece um sentido de completude. Somente se tornando um "todo" nós finalmente nos tornamos homens e mulheres. Homens fazem mulheres e vice-versa.

O casamento envolve a rendição do poder da mulher em troca de proteção e amor do homem. O poder é a essência da identidade masculina. A mulher civiliza os homens convertendo seu poder para fins socialmente construtivos.

Os homens têm uma profunda necessidade psicológica de possuir uma mulher e mulheres têm uma necessidade similar de serem possuídas. Lembre-se que o casamento é a aproximação de se tornar apenas um.

Aceitando a liderança do homem, a mulher demonstra que o ama. Não há nada mais belo do que esse ato de confiança. É ao que um homem responde; seu amor aumenta em proporção direta.

Um homem não pode se dedicar a uma família em que ele não possa liderar. Mulheres se queixam que homens são garotos por recusarem a lhes dar poder, reclamando "igualdade" em seu lugar. A igualdade neutraliza tanto o macho quanto a fêmea. Um homem se torna um homem assumindo a responsabilidade de uma família. É do interesse da esposa aumentar o poder de seu marido.

Os muçulmanos proíbem o contato visual entre os sexos porque o olhar de um homem é como seu sêmen. De vez em quando eu tinha uma extraordinária reação quando dava uma olhada em uma mulher. Seu ser completo parecia abrir-se e me receber. Seu rosto se tornava extraordinariamente convidativo, amável e belo. Eu tive um baque e desviei minha contemplação, embora eu ficasse tocado.

Uma semente cai em terra fértil. Seu espírito é plantado, seu amor o alimenta; posteriormente se torna sua criança. Não há nada mais profundo, mais belo ou mais satisfatório do que o amor entre um homem e uma mulher. Isso é o que querem destruir.

Eu antecipo e-mails reclamando que os homens não sustentam barganhas. Mulheres, vão devagar. Observem. Pensem. Selecionem cuidadosamente. Para a queixa de que eu queira que as mulheres "voltem a ser zumbis submissos", uma mulher que tem o amor e apoio de um marido e a família está em uma posição melhor para alcançar qualquer coisa que precisem.

Enfim, heterossexuais estão sob constante assalto. A promiscuidade é encorajada. A adolescentes é ensinado sobre sexo oral nas escolas. Pornografia e sexo enchem suas caixas-postais de e-mail. Mulheres desfilam nuas em jornais e na TV.

Que casal pode resistir a essa tempestade? Alguém que alcançou a perfeição. Isso se consegue quando uma mulher particularmente se entrega ao invés de afirmar sua independência e poder.

26 de mar. de 2011

Gesù non era cristiano....

Gesù non era cristiano


di Paolo Flores d’Arcais

Gesù non era cristiano. Era un ebreo osservante, che mai avrebbe immaginato di dar vita a una nuova religione e meno che mai di fondare una “Chiesa”. Non si è mai sognato di proclamarsi il Messia, e se qualcuno degli apostoli ha ipotizzato che fosse “Cristo”, lo ha fulminato di anatema. All’idea di essere considerato addirittura “Dio vero da Dio vero, generato, non creato, della stessa sostanza del Padre”, secondo il “Credo” di Nicea, sarebbe stato preso da indicibile orrore.

Gesù era un profeta ebreo itinerante, esorcista e guaritore, che annunciava l’“euangelion” apocalittico del “Regno” incombente per intervento divino. Ha predicato quasi esclusivamente in Galilea, per pochi mesi se stiamo ai tre sinottici, al culmine dei quali, recatosi a Gerusalemme, avendo provocato qualche disordine, viene condannato alla crocifissione per sedizione. Storicamente, una figura di minore importanza rispetto a Giovanni che battezzava sulle rive del Giordano, e ad altri predicatori apocalittici del suo tempo. Come ha scritto il maggior biblista cattolico italiano del dopoguerra “la vicenda di Gesù, al di fuori di quanti a lui si richiamano, è stata, in realtà, di poca o nessuna rilevanza politica e religiosa: una delle non poche presenze scomode in una regione periferica dell’impero romano, messe prontamente a tacere in modo violento dall’autorità romana del posto con la collaborazione, più o meno decisiva, di capi giudaici” [Giuseppe Barbaglio, Gesù ebreo di Galilea, Bologna 2002, p.39].

Alcune smaccate falsità

Il Gesù di cui parla Joseph Ratzinger nel suo libro appena uscito (Gesù di Nazaret – Dall’ingresso in Gerusalemme fino alla risurrezione, che segue il primo volume pubblicato nel 2007) non è invece Gesù, bensì il Cristo dogmatizzato dai Concili di Nicea (325) e Calcedonia (451), dominati e decisi dagli imperatori di Roma, che con il Gesù della storia nulla ha a che fare e anzi contraddice e nega sotto ogni aspetto essenziale.

Nulla di scandaloso, sia chiaro, se un Papa di Santa Romana Chiesa si mette a fare opera di teologia o di devozione intorno alla figura del Cristo. In fondo è il suo mestiere. Ma Joseph Ratzinger pretende di fare anche lo storico, di “giungere anche alla certezza della figura veramente storica di Gesù” (p. 9), perché “non possiamo dispensarci dall’affrontare la questione della reale storicità degli avvenimenti essenziali. Il messaggio neotestamentario non è soltanto un’idea; per esso è determinante proprio l’essere accaduto nella storia reale di questo mondo” (p. 119).

Spiace dirlo, ma per tener fede alla spericolata pretesa di dimostrare la continuità tra Gesù di Galilea e il Cristo di Nicea, il professor Joseph Ratzinger è costretto a prodursi in quelle che sotto il profilo storico sono vere e proprie falsità, talvolta incredibilmente smaccate. Dato il poco spazio potrò esaminarne solo un paio.

Il Papa sostiene che le primissime comunità che si formano intorno alla fede che Gesù sia risorto, malgrado “tutte le discussioni difficili su ciò che dei costumi giudaici avrebbe dovuto essere conservato e dichiarato obbligatorio anche per i pagani” (sta facendo riferimento alla durissima controversia che contrappone Paolo a Pietro), su un punto sono unanimi: “con la croce di Cristo l’epoca dei sacrifici era giunto al termine” (p. 58). La cosa gli sta particolarmente a cuore e vi insiste più volte: “tanto più sorprendente è il fatto che su una cosa – come si è detto – ci fosse concordiafindall’inizio:isacrifici del tempio – il centro cultuale della Torà – erano superati” (p. 257).

Questa affermazione è incontrovertibilmente falsa. Prendiamo gli “Atti degli apostoli” 24, 17: “ora, dopo molti anni, sono venuto a portare elemosine al mio popolo e per offrire sacrifici”. PER OFFRIRE SACRIFICI. Chi parla è l’apostolo Paolo, a Cesarea, dove è stato portato prigioniero per essere interrogato personalmente dal governatore Felice. Del resto, non potrebbe che essere così. L’offerta di sacrifici è il cuore della pratica religiosa ebraica, almeno quanto le preghiere. Per questo da tutta la Palestina e anche dalla diaspora–affrontando i rischi di lunghi viaggi – si viene in pellegrinaggio a Gerusalemme: il Tempio è il luogo per eccellenza dei sacrifici. Scannare e bruciare gli animali costituisce “il tratto più importante della vita liturgica del Tempio”, anche perché il sacrificio è cruciale come offerta di purificazione di peccati e colpe (voce Sacrifices and offerings in Eerdmans, Dictionary of the Bible, forse il più accreditato su scala internazionale).

Del resto gli “Atti” (che poi sono la seconda parte del vangelo di Luca) avevano riferito che “anche un gran numero di sacerdoti aderiva alla fede” (6,7), e la funzione peculiare del sacerdote è proprio quello di sgozzare e bruciare gli animali sull’altare.

La ricerca neutralizzata

Altrettanto sconcertante il rifiuto di Ratzinger (in quanto storico) di prendere atto che la prima generazione dei “cristiani” aspettava il compiersi dei tempi e l’avvento apocalittico del Regno nel corso della sua stessa esistenza . Anche qui la testimonianza di Paolo è di cristallina evidenza. Nella prima lettera ai Tessalonicesi, il testo più antico del Nuovo Testamento (probabilmente del 49) scrive : “Noi che viviamo e saremo ancora in vita per la venuta del Signore” (4,15), segue la descrizione di quanto avverrà, voce di arcangelo, squillare della tromba di Dio, il Signore che discende dal cielo, e la sequenza delle risurrezioni e del rapimento comune dei fedeli tra le nuvole.

Il vangelo di Marco, che è scritto a distanza di una generazione (circa il 70, quasi certamente subito dopo la distruzione del Tempio ad opera di Tito) tramanda la stessa convinzione già annunciata da Gesù: “In verità vi dico, non passerà questa generazione prima che tutte queste cose siano avvenute (13,30). Tralascio le ulteriori testimonianze presenti in Paolo. La definitiva prova “a contrario” è data dalla seconda lettera ai Tessalonicesi, che smentirebbe la prima perché invita a: “non lasciarvi così facilmente confondere e turbare... da qualche lettera fatta passare come nostra, quasi che il giorno del Signore sia imminente ” (2,2). Ma mentre 1 Tessalonicesi costituisce la prima delle sette lettere certamente autentiche, 2 Tessalonicesi costituisce una delle “pseudoepigrafiche”, scritte da esponenti paolini della successiva generazione, quando le comunità devono costruirsi una giustificazione teologica per la Parusia che tarda a venire.

La risurrezione, l’evento capitale

Si potrebbe continuare a lungo, purtroppo, tali e tante sono le acrobazie interpretative con cui Ratzinger cerca di neutralizzare due secoli e passa di ricerca storiografica che sulla incompatibilità tra Gesù di Galilea e il Cristo di Nicea hanno condotto ormai a risultati acquisiti.

Le aspre divisioni che ancora sussistono tra chi vede Gesù come uno “zelota” rivoluzionario oppure, sul versante opposto, come un semplice maestro di saggezza, e tutta la gamma delle posizioni intermedie che comunque contrastano con il “mainstream” del Gesù predicatore e guaritore di un incombente “fine dei tempi”, non mettono mai in discussione, infatti, ciò che è acquisizione comune: Gesù non si proclamò mai Figlio di Dio nel senso della “Seconda Persona”, non fondò nessuna Chiesa (ne nacquero moltissime, ciascuna con il suo “vangelo” spesso incompatibile con quelli concorrenti, e la tradizione che per prima scolorì fu proprio quella della comunità originaria di Gerusalemme – che sopravvive forse nella “eresia” degli ebioniti – il cui capo del resto era il fratello di Gesù, Giacomo, e non Pietro), i racconti delle “apparizioni” per provare la risurrezione “differiscono sotto ogni profilo” e “sono impossibili da conciliare” (Bart D. Ehrman).

La risurrezione ovviamente è l’evento capitale. Ratzinger riconosce che “nessuno aveva pensato ad un Messia crocefisso. Ora il ‘fatto’ era lì, e in base a tale fatto occorreva leggere la Scrittura in modo nuovo” (p. 273). Ma il “fatto” è la morte sulla croce. Della “risurrezione” abbiamo invece solo la testimonianza di come nel tempo (i vangeli sono redatti tra il 70 e il 110) si siano stratificate incompatibili “narrazioni” su come apostoli e discepoli elaborarono il “lutto”: si aspettavano il Regno, arriva la morte più infamante, fuggono (nessuno di loro è presente sul Golgota), poi qualcuno (Pietro, carico di sensi di colpa per averlo rinnegato? Una delle donne?) si convince di averlo “visto”, in un viandante, un giardiniere, o attraverso una apparizione di tipo mistico. E nelle Scritture cercano nuove interpretazioni che “prefigurino” gli eventi che hanno elaborato . Questo per quanto riguarda la storia. Altra cosa è la fede, ovviamente.

Ratzinger pretende invece l’impossibile, l’accertamento storico del “credo quia absurdum” (così, con orgoglio, proclamano i primi secoli di cristianesimo) o addirittura la ricerca storica come ancella del dogmatismo teologico.
http://temi.repubblica.it/micromega-online/gesu-non-era-cristiano/
(25 marzo 2011)

21 de mar. de 2011

PARADOXOS....

Os paradoxos são divertidos. Na maior parte dos casos, são fáceis de enunciar e imediatamente nos instam a tentar “resolvê-los.”

Um dos paradoxos mais difíceis de tratar é também um dos mais fáceis de enunciar: o paradoxo do mentiroso. Uma de suas versões pede-nos que consideremos o homem que diz “o que estou dizendo agora é falso.” É o que ele diz verdadeiro ou falso? O problema é que se ele diz a verdade, está verdadeiramente dizendo que o que diz é falso, dessa forma dizendo uma falsidade. Mas se o que está dizendo é falso, uma vez que isso é apenas o que diz estar fazendo, tem de estar falando a verdade. Assim, se o que diz é falso, é verdadeiro; e se é verdadeiro, é falso. Diz-se que esse paradoxo “atormentou muitos lógicos da antiguidade e causou a morte prematura de pelo menos um deles, Filetas de Cos.” A diversão pode ir longe demais.

Paradoxos são sérios. Ao contrário de quebra-cabeças e problemas, que também são divertidos, os paradoxos levantam sérios problemas. Historicamente, estão associados a crises no pensamento e a avanços revolucionários. Enfrentá-los não é simplesmente jogar um jogo intelectual, mas antes enfrentar questões cruciais. Neste livro, dou conta de alguns paradoxos famosos (e outros não tão famosos) e indico como se poderia responder-lhes. Essas respostas levam a águas ainda mais profundas.

Eis o que entendo que é um paradoxo: uma conclusão aparentemente inaceitável derivada por meio de um raciocínio aparentemente aceitável que parte de premissas aparentemente aceitáveis. As aparências têm de ser enganadoras, uma vez que o aceitável não pode conduzir por passos aceitáveis ao inaceitável. Geralmente, então, temos uma escolha a fazer: ou a conclusão não é realmente inaceitável ou o ponto de partida ou o raciocínio tem alguma falha que não é óbvia.

Os paradoxos ocorrem em graus, dependendo de quão bem a aparência camufla a realidade. Finjamos que podemos representar quão paradoxal algo é numa escala com dez pontos. Damos 1 à extremidade da escala mais fraca ou superficial; à extremidade cataclísmica, morada de paradoxos que afetam sismicamente uma vasta região do pensamento, damos 10. Servindo como indicador para aquilo que demos 1 está o chamado paradoxo do barbeiro: numa remota povoação siciliana, acessível subindo uma longa e íngreme estrada de montanha, o barbeiro faz a barba de todos e apenas daqueles moradores que não barbeiam a si próprios. Quem barbeia o próprio barbeiro? Se ele mesmo o faz, então não o faz (uma vez que barbeia apenas aqueles que não barbeiam a si próprios); mas se não o faz, então de fato o faz (uma vez que barbeia todos aqueles que não barbeiam a si próprios). A suposição inaceitável é a de que exista tal barbeiro — que se barbeia a si mesmo se, e somente se, não se barbeia a si mesmo. A história pode ter soado aceitável: fez-nos dar atenção, agradavelmente, às montanhas do interior da Sicília. No entanto, quando vemos as conseqüências, percebemos que o relato não pode ser verdade: não pode haver tal barbeiro ou tal povoação. É inaceitável. Este não é um paradoxo muito profundo porque o fato de ser inaceitável é sutilmente disfarçado pelas montanhas e pelo lugar remoto.

No outro extremo da escala, o ponto que denominamos 10, coloco o paradoxo do mentiroso. Parece o mínimo que devemos à memória de Filetas.

Quando mais profundo o paradoxo, mais controversa é a questão de como se deve responder-lhe. Quase todos os paradoxos que discuto nos capítulos seguintes ficam com 6 ou mais na escala, de modo que são realmente sérios. (É defensável que alguns paradoxos do capítulo 2 e do apêndice ficam mais abaixo na escala.) Isso significa que há uma grave e não resolvida discordância sobre como lidar com eles. Em muitos casos, mas certamente não em todos (não, por exemplo, no caso do paradoxo do mentiroso), tenho uma perspectiva definida; mas devo enfatizar que, embora naturalmente pense que minha própria perspectiva está correta, gente maior do que eu tem sustentado perspectivas diametralmente opostas às minhas. Para ter uma idéia de como algumas dessas questões são controversas, sugiro examinar as sugestões de leitura adicional no fim dos capítulos.

Alguns paradoxos agrupam-se naturalmente por assunto. Os paradoxos de Zenão discutidos formam um grupo porque todos lidam com espaço, tempo e infinito. Os paradoxos do capítulo 4 formam um grupo porque incidem sobre a noção de ação racional. Alguns agrupamentos são controversos. Russell, por exemplo, agrupou o paradoxo sobre classes com o paradoxo do mentiroso. Ramsey, na década de 1920, argumentou que esse agrupamento ocultava uma diferença significativa. Mais recentemente, tem-se argumentado que Russell estava mais próximo da verdade do que Ramsey.

Comparei alguns dos paradoxos aqui tratados num único capítulo, mas não fiz qualquer tentativa de delinear padrões mais vastos. De qualquer maneira, é discutível que haja tais padrões, ou mesmo que os paradoxos sejam todos sinais de uma só “falha cognitiva principal.” Esta última afirmação foi engenhosamente discutida por Roy Sorensen (1988).

Nas caixas, ao longo do texto, podemos encontrar perguntas. Espero que atentar nelas dê prazer ao leitor e o incitem a desenvolver alguns dos temas presentes no texto. As perguntas com asterisco são referidas no apêndice II, onde insisto em algo que pode ser relevante para uma resposta.

Sinto que o capítulo mais difícil é o 6, mas pode muito bem ser deixado para o fim. O primeiro e o segundo são provavelmente os mais fáceis. A ordem dos outros é arbitrária. O 7 não introduz um paradoxo; antes examina o pressuposto, feito nos capítulos anteriores, de que todas as contradições são inaceitáveis. Penso que este capítulo não faria muito sentido para alguém totalmente alheio aos tópicos discutidos no capítulo 6.

Enfrento um dilema: considero que um é livro desapontador quando o autor não expõe as suas próprias crenças. O que o impede de dizer e argumentar em favor do que pensa ser a verdade? Eu não poderia me restringir dessa maneira. Por outro lado, não gostaria que alguém acreditasse no que digo sem primeiro considerar cuidadosamente as alternativas. Assim tenho de oferecer um conselho um tanto paradoxal: seja muito cético quanto às “soluções” propostas; elas são, penso eu, corretas.

R. M. Sainsbury
Retirado de Paradoxes, de R. M Sainsbury (Cambridge: Cambridge University Press, 2009, 3.ª ed.)
Tradução de Aluízio Couto

12 de mar. de 2011

QUER SABER O SOM DO PI....

Um músico dos EUA resolveu pegar aquele número gigante (vamos lá: 3,1415926535897932384626433832795, e assim vai) e transformá-lo em uma canção.

Como? Bem, tradicionalmente, cada uma das sete notas musicais está associada a um número. No caso, Dó vira 1, Ré vira 2 e assim por diante. A partir dessa transposição, ele criou um arranjo com piano, violão, acordeon, banjo e outros instrumentos (com direito a palminhas, até!) dos primeiros 31 dígitos do Pi, gravou e jogou no YouTube.

Ouve aí. Ficou bonitinho, né?



FONTE: Revista superinteressante..

9 de mar. de 2011

LIVRO: UNIVERSO NUMA CASCA DE NOZ....

7 de mar. de 2011

O AÇÚCAR DA PRIMEIRA FLOR...



Crónica publicada no "O Despertar".

Os cristais de açúcar espalhados sobre a mesa, ali lançados por um distraído gesto adocicante, são iluminados pela luz da tarde. A refracção e reflexão dos raios solares que os atravessam emprestam mais cor à visão da natureza em vésperas primaveris. Um insecto, voo inebriado de néctar colhido numa das primeiras flores, poisa no pires e não resiste em completar a sua recolha com umas moles de açúcar.

Com o aumento da luminosidade diária, as plantas recuperam outros ritmos metabólicos. Suavizados os rigores invernais, o fluxo de nutrientes aumenta entre as raízes e os ramos nus. Aqui e acolá, brotam folhas incipientes em resposta ao aumento da exposição solar, futuras e eficientes centrais de síntese orgânica que, a partir da energia da radiação electromagnética na gama da luz visível, reorganizam as ligações entre átomos de carbono (C), oxigénio (O) e hidrogénio (H) provenientes do dióxido de carbono (CO2) e da água (H2O), no processo conhecido por fotossíntese.

Os produtos, hidratos de carbono com a formula química empírica (CH2O)n – n maior do que três –, são das biomoléculas mais abundantes na natureza. Possuem diversas funções nos seres vivos sendo a função energética através da oxidação da glicose talvez a mais conhecida.

Alguns açúcares armazenados nas raízes das plantas impedem que estas gelem no solo sob o rigor invernal. São anticongelantes naturais. Garantem deste modo que a planta, árvore, sobreviva para além do frio.

Os carbohidratos, outra designação pela qual são conhecidos, são peças de construção de várias estruturas como seja a parede celular de bactérias, fungos e células vegetais. A celulose, uma matrix dos tecidos vegetais, é um polímero natural de glicose.

Carbohidratos como a desoxirribose e a ribose são blocos estruturantes da helicoidade dos ácidos genéticos (ADN, ARN).

Associados a proteínas (glicoproteínas) os hidratos de carbono funcionalizam diversas tarefas de sinalização intra e extracelular. Muitas hormonas animais (e.g., TSH) são por elas formadas.

Diversas glicoproteinas determinam, na superfície dos glóbulos vermelhos, os diferentes grupos sanguíneos. Aliás, é o elevado número de combinações diferentes que proporcionam, que marca, com identificação própria, as incontáveis células que nos constituem, assim como especificam a nossa identidade única. De facto, a nossa identidade e compatibilidade imunitária inter-indivíduo é muito determinada pela variabilidade glicoproteica.

Sendo parte constituinte da “cola celular” extracelular que mantém as células na apropriada arquitectura tecidular, outras costuras entre carbohidratos e proteínas participam na lubrificação das articulações esqueléticas, permitindo assim a mobilidade articulada que nos alavanca o caminhar de flor em flor, para nos inspirarmos com os seus perfumes e aromas. Estes, constituídos por diversos compostos aromáticos e voláteis, são detectados olfativamente por “antenas moleculares” que contem açúcares na sua composição!

E o pólen, publicitado pelas flores das plantas angiospérmicas, mas anterior a estas, com pelo menos 300 milhões de anos de evolução e adaptação aos desafios da comunicação intra e inter-espécies, transportador de informação ecológica para além da informação genética reprodutiva (masculina!), é constituído maioritariamente por hidratos de carbono com múltiplas funções.

São astronómicas moles de açúcares nos estames da primeira flor.

TEXTO DE :ANTÓNIO PIEDADE

A humilde origem do homem no solo : Geófagos...

O descaso para com o solo pode ser um dos sintomas do distanciamento do homem moderno em relação ao mundo natural, distanciamento inclusive da natureza modificada e posta a serviço da sobrevivência humana, sob a forma da agricultura. Nos primórdios da civilização ocidental esse descaso seria impensável, talvez mesmo herético, como deixam entrever alguns aspectos linguísticos e religiosos ainda hoje presentes em nossa cultura.

O substantivo hebraico 'adama', significando 'solo', deu origem ao nome Adão, ancestral de todos os homens segundo a tradição judaico-cristã. Aliás, a palavra 'homem' deriva do latim 'homo', vindo do termo 'humus', a parte viva, orgânica, do solo. "Do pó vieste, ao pó voltarás". Imagino algum perspicaz ancestral atento ao fato de que nos lugares onde jaziam os corpos mortos surgia um solo mais escuro, mesmo negro, mais fértil e propício à vida - humus. Ao solo negro e fértil às margens do Rio Nilo os antigos egípcios chamavam de 'Chemi', mesma palavra com que designavam sua pátria. Os gregos pegaram a palavra emprestada e dela vem 'química'. A origem dos elementos e da vida claramente associada ao solo negro e fértil, às substâncias húmicas.

Curiosamente, as palavra 'humildade' e 'humanidade', assim como 'homem', têm suas profundas raízes em 'humus'. O desinteresse pelo mundo natural e pelo solo parece de certa forma representar a perda da humildade do homem, a perda de suas origens.

Texto de: Ítalo M. R. Guedes

6 de mar. de 2011

E Darwin caiu no samba....

5 de mar. de 2011

É carnaval.....

É carnaval

A festa existe muito antes de Cristo.

por Edward Pimenta Jr.

Quem hoje persegue um trio elétrico pode nem desconfiar, mas está perpetuando um ritual de mais de 10 000 anos. Embora hoje o Carnaval faça parte do calendário cristão – marca a despedida dos prazeres mundanos antes do início dos rigores da Quaresma, período de purificação e penitência –, afesta existia muito antes de Cristo. No início, era um culto agrário com danças e cânticos em comemoração às colheitas. É possível que essas festas remontem a 10000 a.C., quando a humanidade começou a plantar. Só no século VII, na Grécia, o Carnaval foi oficializado como festejo à honra de Dionísio, deus do êxtase e do entusiasmo. A partir daí, os carnavais passaram a incluir orgias sexuais e etílicas – uma característica que chegou ilesa aos dias de hoje.

Essas festas eram tão populares que a Igreja desistiu de combatê-las e, em 590, oficializou a folia na vã tentativa de conter a libertinagem. A palavra “carnaval” está ligada à tradição cristã de não comer carne no período que precede a paixão de Cristo. “Carnaval” deriva do latim carnelevamen (tirar a carne) que, depois, modificou-se para carne, vale (adeus carne).