Poema de José Gomes Ferreira, escrito entre 1957-1958.
(O estrado, o quadro preto, o giz, o apagador, o ponteiro, o desejo de salta pela janela e voar)
O senhor Professor
aproveitou o ensejo
de não ser ainda cadáver completo
e ergueu-se no estrado,
estátua de si mesmo
a desfazer-se em ossos
e pó de caveira no giz...
Depois com o apagador
limpou os números da ardósia
como quem destrói o céu povoado
- ponteiro da árvore em grito,
raiva de lança.
Menino José Ferreira, venha ao quadro.
(Oh! o tédio da infância!)
In Poeta Militante II, Morais Editores, 1983, página 34.
Lentiada do Rerum Natura...
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